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Problemas de fala e linguagem, quais são as diferenças?

por Silmara Fator Canassa, fonoaudióloga


Vamos falar um pouco sobre as diferenças entre a duas, a fala é um ato motor , o ar sai dos pulmões , passa pela laringe atravessa as cordas vocais e a articulação da boca emite as palavras; existem patologias que acometem especificamente a fala. Já a linguagem não é falar, é quando sabemos que as coisas tem um nome e um significado e ao juntarmos os dois, transformam-se numa palavra, e um conjunto de palavras estruturadas pela gramática forma um sistema linguístico.



A linguagem tem diversos domínios , um deles é a fonologia que são os sons que formam a palavra, a morfologia onde as palavras respeitam cada língua, a sintaxe onde as palavras são articuladas juntas e formam frases, a semântica e a pragmática que dizem respeito ao sentido, o uso social da linguagem, falar o conteúdo certo para aquele momento.

Nas alterações de fala , podemos citar a apraxia de fala na infância que é um distúrbio motor neurológico no qual o cérebro não consegue fazer o planejamento correto dos movimentos necessários para produzir as palavras .

Já nas alterações de linguagem temos o TDL (transtorno do desenvolvimento da linguagem) onde a criança não consegue entender, tem uma dificuldade inata de aprender e produzir linguagem, irá demorar para falar e compreender.

Outro exemplo de alteração de linguagem é no autismo, nesse caso tem dificuldade na linguagem e consequentemente na fala, por uma comorbidade, nesses casos podemos ter uma porcentagem de casos que além da linguagem tem apraxia de fala associada.


Um individuo que já adquiriu linguagem e por algum motivo perde a capacidade de falar , pode ter sua linguagem intacta, pois esse sistema já está construído, agora a criança está aprendendo, e esse aprendizado se dá no uso , não conseguimos aprender só ouvindo, temos que produzir para aprender, então a criança com dificuldade na fala consequentemente terá um nível de dificuldade de linguagem , até que ela consiga fazer um uso melhor dessa fala.

Como vimos acima existem diversas alterações que envolvem as questões de fala e linguagem , em caso de dúvidas ou suspeita de alguma alteração procure orientação de um fonoaudiólogo , ele poderá te ajudar a esclarecer a necessidade de intervenção ou orientá-lo.

O desenvolvimento da linguagem implica na aquisição plena do sistema linguístico que nos possibilita a inserção no meio social, a possibilidade de assumir a nossa identidade, além do desenvolvimento dos aspectos cognitivos já discriminados acima.

Dentre todas as questões complexas que envolvem esse processo, o atraso "simples" na aquisição da linguagem dificulta o amadurecimento e a experimentação da linguagem necessária para a aquisição formal da leitura/escrita. Sua imaturidade linguística irá refletir no vocabulário reduzido e no conhecimento de mundo restrito. Tal fato trará repercussões na interpretação de textos e também na elaboração de histórias escritas.

Falhas na aquisição e no desenvolvimento fonológico, como problemas na produção dos sons da fala ou discriminação dos mesmos, podem refletir na leitura e/ou na escrita. Então podem levar a criança, por exemplo, a trocar, omitir ou transpor fonemas ou grafemas. A criança demoraria a adquirir a autonomia dos processos de leitura e escrita ou podem culminar com problemas maiores.

Em relação ao DEL, ao verificarmos a literatura, nos deparamos com a seguinte realidade: apenas 10% dessas crianças não apresentam nenhum tipo de problema de leitura 30. Duas razões para a vulnerabilidade de crianças DEL em relação à leitura e à escrita: a dificuldade na análise fonológica e memória e dificuldade em usar a sentença, para que o contexto facilite a compreensão de novas palavras.

As alterações de ordem semântico-pragmáticas estão associadas à rigidez dos pensamentos e pouca flexibilidade no raciocínio, à dificuldade em atribuir sentido além do literal, associar palavras ao seu significado e compreender a linguagem falada. Desta forma, a aprendizagem não é generalizada e acaba comprometida.

Neste artigo, não tivemos pretensão de esgotar o assunto, tão rico e amplo, mas buscamos agregar trabalhos que exploram diversos lados da linguagem. Ao pensarmos em aprendizagem, todos os níveis linguísticos estão envolvidos, e negligenciar um deles seria perder a oportunidade de ver o sujeito da linguagem. O intuito de abordar a faixa etária de 0 a 5 anos reflete o desejo de poder atuar precocemente, antes da entrada no ensino formal, onde as demandas são maiores e maior será o tempo a ser resgatado. Dois aspectos que ainda merecem ser discutidos são o desenvolvimento da narrativa e a aquisição da linguagem figurada, já que fazem parte de todo o processo e são de extrema relevância para a aprendizagem. Por serem menos explorados, merecem artigos à parte.


 

Fonte: Fiorini, Jose Luiz -Introdução a linguística-SP 2011

Juliana Trintini -Fonoaudióloga 05/18

Revista de psicopedagogia vol 25, n o 78 SP 2008

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